Existe um grande mal-entendido a respeito do amor. Mal-entendido nutrido por idealizações que veem no amor o lugar da plenitude feliz e satisfatória, se esquecendo que até a mais bonita das rosas tem espinhas.
Então, precisamos aprender a aguentar as espinhas já que não tem o que fazer? Precisamos saber fechar um olho, relevar, tolerar?
Também não é isso. De tanto relevar e tolerar, podemos terminar um dia tão desiludidos que ou nos deprimimos não acreditando mais no amor ou nos amortecemos para não cair na depressão.
Junto às alegrias do amor, suas dificuldades formam a escola do amor. O amor é uma escola. Começamos no jardim de infância onde só brincamos e passamos os dias felizes sem responsabilidades e preocupações. Depois passamos para o primeiro ano. Começam os desafios, o aprendizado requer atenção, dedicação, paciência, disciplina. Estar presentes. E assim segue. Cada ano é uma fase. Cada fase é um assunto, uma questão a ser resolvida. A velocidade da passagem de uma fase para a outra depende de dois fatores: da profundidade e complexidade da questão em pauta e da capacidade de processamento e superação de cada um da relação.
O amor também muda conforme os amantes mudam, o que é inevitável devido à constante exposição a estímulos externos (do mundo) e internos (da psique) que impulsionam e questionam com seus conteúdos. Quando se está numa relação, a outra pessoa nos confronta mesmo quando não fala nada e não está preocupada conosco. Mas ela existe, está lá, representa algo, o vínculo é intenso e nos leva a ter que nos compreender mais rapidamente do que se estivéssemos sozinhos.
Precisamos nos compreender no sentido de entender o que é que sentimos de verdade, o que está acontecendo conosco, do que precisamos. O que quer que esteja ocorrendo conosco vai ser perceptível pela outra pessoa que irá reagir, e sua reação estará diretamente atrelada ao que ela sente e está vivendo, que tenha consciência ou não. E vice-versa, de modo que quanto mais os dois da relação estiverem conscientes de seus conteúdos interiores, mais fácil será sair dos emaranhados inevitáveis de qualquer relacionamento. Não devemos achar que cada crise seja o fim: as crises são oportunidades. Mesmo as reações mais penosas podem ser nada mais que expressões de emoções profundas que não sabemos entender e por isso dominar.
Mas, afinal, o que é amor?
O amor é uma força de união.
Uma força de união para...?
Pois a união por si só não é suficiente. Uma vez que estamos juntos, vamos fazer o quê?
É preciso da direção.
A direção do amor pode ser uma jornada a dois que dura a vida inteira repleta de crescimento e aprendizado ou pode ser um trecho do caminho feito com alguém com o qual precisamos compreender alguma coisa – alguma coisa de nós.
O amor pode ser eterno mesmo quando termina. Por que, então, termina se supostamente seria eterno? Termina porque um dos dois ou os dois não têm maturidade para fazer florescer a semente que encontraram. Às vezes, já tomaram decisões na vida, rumos que estão em conflito entre si e nenhum dos dois pode ou quer mudar de direção. Então a jornada termina. Mas o amor, de alguma forma, existe além do tempo e do espaço.
Há amores que duram o tempo do encontro. Transitórios e superficiais, fazem sua função para depois seguir, se encarnando em novos personagens e situações.
O amor que todos buscam é aquele dos contos de fadas: o amor que dura, permanece e nos preenche de felicidade. Quando o encontrar, precisará arregaçar as mangas e se dispor ao trabalho. Amor não é descanso, é transformação. Transformação que dá frutos que se colhem conforme se semeia e se cuida da relação.
Adriana Tanese Nogueira - Psicanalista, filósofa, life coach, terapeuta transpessoal, intérprete de sonhos, terapeuta Florais de Bach, autora, educadora perinatal, fundadora da ONG Amigas do Parto (www.asmigasdoparto.org), do AELLA - Instituto Internacional de Educação Psicológica e Espiritual (www.institutossc.com) e do ConsciousnessBoca.com em Boca Raton, FL-USA. +1-561-3055321
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