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  • Foto do escritorAdriana Tanese Nogueira

FALSIDADE E COVARDIA

A falsidade é o oposto da verdade, ou melhor, a pessoa falsa não é verdadeira nem com os outros nem consigo mesma. A mentira sustenta a falsidade. É uma mentira interna, profunda, muda. Uma mentira enterrada que oculta uma verdade remota, a coisa quem a pessoa é. Lá no fundinho, quem ela é? Algo que ela não quer ser, que julga ruim e por isso encobre por uma fachada. Fachada tão bem preparada que vira uma segunda pele.


A diferença entre a pessoa falsa e aquela com baixa autoestima é que esta última tem a coragem moral de sentir-se mal consigo mesma, de viver o sentir-se pequena, insignificante, incapaz ou não-amável. Ela vive isso. Consciente ou inconscientemente, ela se permite porque, na verdade, tem autoestima o suficiente para poder se sentir pra baixo. (Faço questão de pontuar que em anos de experiência clínica, o quadro resulta ser mais positivo do que a pessoa imagina, mas isso fica para outro momento.) Por outro lado, a pessoa falsa esconde de si a própria razão que a leva a criar tão sofisticado fingimento.


Embuste significa duplicidade, portanto, ausência de transparência. A pessoa falsa não é honesta consigo – e obviamente o fingimento incluiu os outros. Ela é dia e noite uma atriz, interpretando diante dos próprios olhos e dos dos outros uma peça, a qual resulta tão persuasiva que ela até esquece de estar interpretando e o papel vira identidade. Finge tão bem fingido que acaba acreditando no próprio fingimento. Mas algo lá no fundo a incomoda e incomodará sempre. O ser não se deixa enganar. A verdade lateja com um coração ofegante trancafiado em algum lugar oculto da pessoa e, entre sintomas físico e emocionais, e situações intricadas da vida, a verdade pede para ser confessada.


A pessoa fingida pode até ir atrás de cura para acabar com a tortura interna que a encalça... mas se a disfarce não cair, não há terapia e autoconhecimento que possam ajudar, muito pelo contrário. Todo o conhecimento psicológico será usado para aperfeiçoar a máscara, para aprimorar a simulação. Desta forma se condena a “não ter conserto”.

O dissimulado faz qualquer coisa para não enfrentar a razão última que sustenta sua falsidade, pois não há falsidade sem covardia. Covardia como pequenez, pusilanimidade. A ineptidão a encarar a verdade encolhe o espírito, apequena a alma.


Da mesma forma como não sabe atentar para a verdade, a pessoa falsa não conhece ideais. Não sabe o que é grande, maior do que o ganho imediato, maior do que o ego. O falso não enxerga a grandeza do céu, não conhece a ambição de alcançar as estrelas da honra e dignidade, não sabe o que são aqueles valores que transcendem a constante urgência em resguardar a dissimulação. Dissimular a dissimulação: eis a prioridade. E assim, o falso não tem paz. Não pode se engajar na vida, fazer novas descobertas, ampliar seus horizontes. Está preso, agrilhoado à sua própria sovina falsidade. Uma profunda inércia toma conta da pessoa, emoções mudas permeadas por receios mergulhados numa eterna imaturidade que não tem chance de evoluir por falta da ação decidida e determinada de olhar para aquele lugar indigesto dentro de si onde habita a verdade latejante e penosa.


Adriana Tanese Nogueira - Psicanalista, filósofa, life coach, terapeuta transpessoal, intérprete de sonhos, terapeuta Florais de Bach, autora, educadora perinatal, fundadora da ONG Amigas do Parto (www.asmigasdoparto.org), do AELLA - Instituto Internacional de Educação Psicológica e Espiritual (www.institutossc.com) e do ConsciousnessBoca.com em Boca Raton, FL-USA. +1-561-3055321



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