Pelos contos de fada as crianças entram em mundos fantásticos, encontram figuras imaginárias e vivem aventuras incríveis que marcam seu desenvolvimento para sempre. O valor dos contos de fada se dá em diversos níveis.
Desenvolvimento intelectual
Italo Calvino considerava o conto de fada “uma explicação geral da vida; o catálogo dos possíveis destinos para um homem e uma mulher, e sobretudo para aquela dimensão da vida que representada pela criação do próprio destino que se manifesta na juventude e se confirma na maturidade e depois na velhice” (Calvino, 1956, p.17).
Ao tirarmos das crianças esta herança coletiva do fantástico as privamos das ferramentas que lhes permitem de encontrar por conta própria seus sentidos e direções e enfrentar assim os problemas da vida. O material dos contos oferece as tramas básicas da existência humana.
Além disso, seus personagens personificam os conflitos interiores de todos os humanos e sugerem o modo para resolvê-los.
Desenvolvimento emocional e moral
Os contos de fada guiam as crianças na descoberta de seu mundo emocional. Através deles, elas aprendem a responder de forma mais eficaz às situações difíceis ou ao desconforto, evitando assim serem assoberbadas pelas emoções.
Ao identificar-se com os personagens, elas podem vivenciar diversas emoções, aprendendo a reconhecê-las, a nomeá-las e, portanto, a expressá-las. Bettelheim frisava que o conto de fada fornece à criança aquilo do qual ela mais precisa:
“Ele começa exatamente onde a criança se encontra do ponto de vista emocional e lhe mostra onde ir e como proceder” (Bettelheim, 1976 p.120) .
O conto se torna um tipo de “confiável conselheiro” que sugere à criança como lidar com os obstáculos da vida. Pelos contos a criança obtém uma educação moral, observando quais são os comportamentos corretos e quais não.
Com sua estrutura simples e tratando de problemas humanos universais, os contos conseguem transmitir ensinamentos importantes que ajudam os pequenos a entender como ir pelo mundo.
Instrumento terapêutico
Os contos de fada favorecem o desenvolvimento da autoconfiança, dando ferramentas para as crianças enfrentarem as situações difíceis e desconfortáveis da vida. Eles também fornecem e deixam uma marca na memória emocional do que é “ser cuidado e acolhido”, experiência fundamental para o crescimento.
É assim que a criança desenvolve inteligência emocional, recurso fundamental para a administração das emoções e para melhorar a capacidade de se relacionar consigo e os outros. Além disso, desenvolver o “músculo” da imaginação é de grande valia tanto na infância como na idade adulta.
Enfim, os contos de fada nos ensinam a ter paciência, a sermos empáticos, a nos observarmos, a ter coragem, a aprender as regras de comportamento, a entender o que sejam a beleza e a generosidade.
Vínculo com os pais
O momento das histórias contadas e ouvidas, aninhados nos braços da mamãe ou do papai, assume um significado emocional muito maior do gesto em si. E inesquecível. A hora da história antes de ir dormir, por exemplo, é muito importante para a relação entre pais e filhos.
O tempo que uma mãe dedica ao próprio filho demonstra sua generosidade e ensina a respeito do prazer de dar e receber, espaço que se enriquece com perguntas, reflexões, fantasias e imagens. É o momento da presença inteira e atenta, que segurança e ajuda a criança a se desenvolver.
E assim, a criança aprender a beleza da leitura. Nesta interação é que ela descobre o amor pelo conhecimento, a conversa e a palavra escrita.
Em conclusão, ler contos de fada para as crianças não é algo banal, mas envolve uma grande responsabilidade: nem todas são boas para as crianças. É preciso levar em consideração sua fase evolutiva e a mensagem que vão receber.
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