Já ficou com a cabeça cheia de um só pensamento ou de uma corrente de pensamentos que ficam se repetindo sem parar? O processo de ficar continuamente pensando o mesmo pensamento, que tende a ser triste ou tenebroso, é chamado de ruminação.
O hábito de ruminar pode prejudicar o equilíbrio mental e emocional da pessoa, causando, prolongado ou intensificando uma depressão, mas pode também prejudicar a capacidade de pensar e de processar as emoções. Além disso leva a um sentimento de isolamento que induz a pessoa a afastar os outros.
A ruminação pode ser feita de pensamentos repetitivos de caráter verbal e abstrato, não detalhado, muitas vezes seguido por visualizações de possíveis cenários identificados como perigosos ou então por um processo cognitivo caracterizado por um pensamento disfuncional que foca principalmente sobre os estados emocionais internos e suas consequências negativas.
A ruminação mental coloca a pessoa num círculo vicioso redundante e sem saída. Esta forma de pensamento é passiva e/o relativamente incontrolável. Emoções diferentes estão na base dele, entre elas a ansiedade, a raiva e a depressão. Dependendo do tipo de emoção que o alimenta, o pensamento repetitivo assume conotações diferentes.
As caracterísitcas comuns são:
· Pensamentos sempre iguais que se repetem;
· Negatividade: pensar sempre em coisas negativas que aconteceram ou que poderiam acontecer;
· Não há controle: incapacidade de parar os pensamentos repetitivos;
· Conteúdo verbal: se trata de frases, não imagens;
· Abstração: não levam à ação, mas só estimulam mais pensamentos;
· Perda de energia: os pensamentos levam a perder a concentração sobre os temas que não estão ligados aos processos em questão.
A pessoa acha que de tanto pensar ela irá encontrar uma resposta. Buscar controlar situações difíceis desta forma, porém, só piora a situação. O que parece ser uma análise do problema na verdade promove uma condição sempre mais disfuncional. O desejo que assim se possa prever possíveis eventos futuros negativos é uma fantasia. Pois a ruminação amplifica a percepção individual de ser incapazes de enfrentar a situação e impede de avaliar as eventuais alternativas que possam tanto ativar emoções positivas como produzir soluções mais adequadas para alcançar os objetivos. O uso constante da ruminação mental cria um processo automático que leva à progressiva falta de controle sobre os pensamentos e ao piora do estado de ânimo.
Quando se ruminar movidos pela raiva, o processo cognitivo mantém as emoções negativas ativas, as informações vindas do ambiente acabam sendo avaliadas todas de forma incorreta ou inadequada. Se o individuo atribuir a causa dos eventos a fatores externos, a ruminação facilita o aparecimento de comportamentos violentos e aumenta a raiva. Se, ao contrário, a pessoa se reconhecer como responsável pelo evento que causa a ruminação, apesar de aumentar os estados emocionais de raiva e a ativação fisiológica da mesma, não chega a ter perda de controle, mas a uma redução do estado de bem-estar.
Para concluir, a ruminação mental é um processo automático que faz a pessoa perder o controle sobre a realidade, tanto interna como externa, e manifesta uma série de desconfortos emocionais e comportamentais.
Todavia, sendo este um estilo de pensamento aprendido é possível identificar estratégias eficazes para interrompê-lo. Obviamente, é necessário um acompanhamento psicoterapêutico para ajudar a pessoa a tomar consciência de como está funcionando e a reconhecer o dano provocado por tais processos. A partir daí se poder encontrar novos processos cognitivos que interrompam a cadeia de pensamentos repetitivos e criem um pensamento efetivo e transformador.
Adriana Tanese Nogueira - Psicanalista, filósofa, life coach, terapeuta transpessoal, intérprete de sonhos, terapeuta Florais de Bach, autora, educadora perinatal, fundadora da ONG Amigas do Parto (www.asmigasdoparto.org), do AELLA - Instituto Internacional Ser&Saber Consciente (www.institutossc.com) e do ConsciousnessBoca.com em Boca Raton, FL-USA. +1-561-3055321
Comentários