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  • Foto do escritorAdriana Tanese Nogueira

É NA BASE DO EMPURRÃO – Mudando o padrão de relação

Carla [nome fictício]é uma mulher de 50 e tantos anos, que veio da Bahia para os EUA vinte anos atrás. Era professora no Brasil e veio trabalhar como faxineira. Desta forma, sustentou a família no Brasil e construiu uma vida para si.


Da Califórnia, Carla me procurou uns anos atrás buscando mudar seu padrão de comportamento e se entender. Trabalhava com uma responsabilidade, seriedade e competência que não são fáceis encontrar em qualquer cargo profissional. Mas era demais. O corpo estava cansado. A equipe de ajudantes errava muito e a alma de Carla ansiava por outras atividades, lazer, descanso e paz.


Após várias pequenas mudanças, descobrimos que havia um padrão arraigado que a prendia. Carla parecia uma máquina de trabalho fora de controle. Foi então que fizemos uma regressão.

Nela, Carla se viu menina vivendo numa caverna. Seus pais saiam todas as manhãs para trabalhar e voltam à noite, muito cansados. Eram escravos no Egito. A garota tinha uma vida muito simplória e solitária, até o dia em que os pais não voltaram e ela foi recrutada no lugar deles.


Carla passava o dia arrastando pedras, sob as ordens apavorantes do capataz. À noite voltava para a gruta. Não havia nada mais. Era um dia após o outro, igual. Lembra da sede constante que sentia. Não se podia parar para beber, só nas pausas estabelecidas. Os demais escravos, cada um com seu fardo, mal falavam uns com os outros.


Carla passava os dias assim, sobrecarregada e dolorida, com medo de parar e ser castigada. Em dia, enfim, ela se viu, caminhando em direção ao horizonte com um sorriso nos lábios... Carla havia morrido de exaustão. Mas não se deu conta que morreu, o que significa que dentro dela, no plano psicoespiritual, continuou a se perceber escrava.


Seguiu um longo processo terapêutico para que ela despertasse desse transe. A postura psicológica de escrava estava visível em seu trabalho constante, no não se dar o direito de parar ou fazer algo de prazeroso para si. Claramente, esta vida de escrava ignorante e assustada não foi a única de Carla, pois ela demonstrava sabedoria e paciência incansáveis em sua terapia, e a perseverante consciência em continuar.


Com o tempo, Carla foi se desvinculando de várias correntes, hoje já está bem mais livre (de tempo e de cabeça). Prova da transição é Carla sonhar que está grávida, gestando um novo projeto de vida, visão, postura e perspectiva. E qual é o primeiro lugar onde as verdadeiras mudanças se fazem presentes? Em casa.


Carla está trabalhando seu relacionamento. “Casada” informalmente com um americano há nove anos, o “rapaz” (como ela o chama) ainda não lhe deu os papeis. Sinal este que faz desconfiar que o “rapaz” sabe que não é lá aquele bom marido que ele fantasia ser. Se dando o direito de querer e de lutar por obter, Carla parou de reclamar para falar o que pensa, clara e diretamente.


Agora, se não foi fácil sair do lugar de escrava, imaginem o que é sair do lugar de “senhor de engenho”. Um homem que tem uma mulher que faz tudo, da qual depende até para marcar uma consulta médica, não vai sair da zona de conforto após uma conversa, mesmo claríssima.


É preciso dar o passo, manter firme o timão do barco para que sigamos na direção desejada e isso se faz, nas palavras de Carla, “na base do empurrão”.


A gestação da nova identidade da “ex-escrava” consiste nela treinar suas asas fazendo o que deseja e seguindo a voz de sua alma profunda. Carla, você é livre!



Adriana Tanese Nogueira - Psicanalista, filósofa, life coach, terapeuta transpessoal, interprete de sonhos, terapeuta Florais de Bach, autora, educadora perinatal, fundadora da ONG Amigas do Parto, do Instituto de ensino à distância Ser e Saber Consciente e do ConsciousnessBoca.com em Boca Raton, FL-USA. +1-561-3055321


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