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  • Foto do escritorAdriana Tanese Nogueira

A DIFÍCIL ARTE DE SE TORNAR HOMEM

Homens, assim como mulheres, adquirem uma determinada identidade de gênero por causa do ambiente no qual nasceram e da cultura na qual foram criados. Ou seja, homens não se nasce. Torna-se homens. O mesmo acontece com as mulheres, elas desenvolvem sua feminilidade de acordo com os cânones de seu contexto. Nada é dado. Tudo é adquirido. Mas a situação dos homens é mais complexa, apesar de não ser falada. Vejamos por quê.


O homem nasce de uma mulher. Ele vem ao mundo a partir da simbiose com essa mulher, mulher-mãe que será seu berço, seu colo, seu olhar, sua referência, sua vida, sua alegria, seu tudo por muito tempo. O mundo do menino é feminino. É o da mãe. A mãe controla, faz, entende, discute, guia, acode, ensina. Mãe. Mulher. Feminino.

E aí vem seu grande desafio: ele precisa se desidentificar de sua mãe. Por se desenvolver a partir da mulher, ele precisa aprender a se reconhecer como o ser masculino que ele é. O pai? O pai, quando está presente, contribui, mas geralmente sua presença é marginal. Quem domina a cena é a mulher. Dessa relação de amor e vínculo com a mãe, surgem armadilhas, desafios e dragões que o menino tem que enfrentar para se tornar homem.


Ele precisa se diferenciar da mulher que lhe deu vida, desenvolvendo sua própria singularidade, ao mesmo tempo que mantém o vínculo com ela porque, amando-a, a afastamento dela acarreta culpa. Se afastar, para o menino, é uma forma de rejeitar a mãe. Este processo de autodescoberta como homem e de separação da mãe é lento e subterrâneo pois diferentemente das meninas, o confronto com a mãe é mais difícil.

É no grupo dos amigos que o menino, agora adolescente, busca se encontrar. Mas aí ele encontra também aquela forma de masculinidade tóxica que é tão conhecida e que surge justamente da insegurança a respeito de si, da falta de direção sobre como é ser homem. Por que afinal, ninguém aqui acredita que ser homem de verdade é ser violento, autoritário, estúpido e abusivo, certo?


Então, onde aprender a ser homem? O que é ser homem? Homem bom e com autoridade, homem bom e dono de si. Homem bom e capaz de pensar com sua cabeça sem seguir outros, capaz de questionar os condicionamentos de grupos, amigos, colegas. Homem bom e aberto, sem paranoias e limitações de crença de todo tipo?

Está em falta. Faltam referência para chegar lá. Meninos com pais fracos, ausente e desinteressados ou violentos, abusivos e autoritários não sabem onde encontrar mentoria para se tornarem homens. Sobram os amigos, que vêm de lares parecidos, e tem a mídia que propõe modelos estereotipados, irreais, exagerados que pouco ajudam e muito prejudicam.


Das muitas importantes qualidades do masculino, algumas poucas são reconhecidas atualmente e infladas se tornam tóxicas. A autoridade vira autoritarismo. A agressividade (força ativa, energia propulsora) se torna violência. A assertividade se torna abuso. Ficam sem uso o discernimento, a ordem, a disciplina, a determinação, a clareza de pensamento, a racionalidade sensata, o amor pela verdade, a capacidade de dar limites e dizer não. Quando algumas dessas qualidades aparecem é em isolamento de outras essenciais, assim, ordem disciplina e limite, se discernimento, amor pela verdade e racionalidade sensata se tornam mais uma arma do autoritarismo burro.


Há muito preconceito sobre o que é ser homens. Ideias limitadoras que sufocam o desenvolvimento da masculinidade que tem muito mais a dar do que vimos até hoje. É despoluir o conceito de masculinidade dos modelos antigos para potencializar a masculinidade saudável, criativa e criadora.


Adriana Tanese Nogueira - Psicanalista, filósofa, life coach, terapeuta transpessoal, intérprete de sonhos, terapeuta Florais de Bach, autora, educadora perinatal, fundadora da ONG Amigas do Parto (www.asmigasdoparto.org), do AELLA - Instituto Internacional de Educação Psicológica e Espiritual (www.institutossc.com) e do ConsciousnessBoca.com em Boca Raton, FL-USA. +1-561-3055321

Photo by Warren Wong on Unsplash





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