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  • Foto do escritorAdriana Tanese Nogueira

POR QUE EXISTE A TENDÊNCIA A REPETIR OS MESMOS ERROS?

“O que ficou mal-entendido

sempre volta;

como uma alma penada,

não tem paz até

obter absolvição e libertação "

S. Freud

Segundo Freud, existe na psique um mecanismo chamado “compulsão à repetição”. Se trata de uma tendência incoercível, totalmente inconsciente, da pessoa se colocar em situações dolorosas ou penosas, sem perceber que é ela mesma que as determinaram ativamente. Muitas vezes a pessoa sequer percebe que se trata da repetição de velhas experiências. Os que olham de fora, familiares e amigos podem notar, mas nem sempre adianta falar, a pessoa continua inabalável adiante.

Este tipo de situação é mais comum do que parece. Vemos indivíduos vivenciando, repetidamente, situações substancialmente semelhantes, desagradáveis, frustrantes ou arriscadas, que às vezes se apresentam de forma inesperada e não parecem relacionadas à sua personalidade ou ao seu comportamento. Entretanto acontece e acontecem justamente com aquela pessoa que... parece estar atraindo a tal situação!

Completamente inconsciente a respeito de seu papel ativo na determinação dos eventos que a afetam, a pessoa se sente vítimas do destino e até assombrada pelo azar. Quando mais grave, a coerção a repetir se expressa pela necessidade repetida de implementar comportamentos contraproducentes ou de estabelecer relações malsucedidas, caracterizadas por modalidades relacionais sempre idênticas às do passado.

Como entender essa que parece uma constante “autosabotagem”?

Em um de seus intensos poemas, a escritora Emily Dickinson escreveu: "O coração não esquece / até que contemple / o que rejeita" Parece que, da mesma forma, a mente quando não consegue ver direito contra o que está lutando, quando não consegue entender o que realmente está tentando evitar, continua, obsessivamente, a reencenar seu protesto em busca de experiências dolorosas contra as quais lutar. Mais um fantasma para perder a batalha mais uma vez.

Assim, a reencenação do drama remete à necessidade de digeri-lo. Não conseguindo ter parado o tempo suficiente sobre o problema para compreendê-lo, bem na dinâmica de quem passa rápido pela vida na intenção de não ver, não sentir, não saber demais para evitar se comprometer até mesmo a nível da percepção, assim, o que ficou pendente volta para ser visto melhor. E volta tantas vezes quantas forem necessárias para que a consciência do eu enxergue, entenda, aceite, integre, processe – e então, sim, supere.

Chamar essa necessidade de superação de “sabotagem” é não ter entendido do que se trata e se manter, na verdade, naquele lugar de quem não quer ver, não quer enxergar direito, de perto. A observação atenta deixa, por assim dizer, que o que estamos observando penetre em nós, faz com que sejamos modificados pelo que estamos vendo. A coerção à repetição busca este momento. Ela se repete na exata medida da fuga da consciência do encarar a dor que a tal experiência provoca ou provocou. E assim, ao fugir dela, cai nela novamente, sob novas configurações, roupagens, situações – mas o cerne é o mesmo.

Não nos irritemos conosco. Crescer é mais complexo do que parece. Paciência e força moral para olhar e aprender é são os primeiros ingredientes indispensáveis dos quais precisamos para encerrar um ciclo. Logo em seguida, mente aberta disposta a aprender abrindo mão de ideias ou crenças antiquadas.

Nada é por acaso.

Adriana Tanese Nogueira - Psicanalista, filósofa, life coach, terapeuta transpessoal, intérprete de sonhos, terapeuta Florais de Bach, autora, educadora perinatal, fundadora da ONG Amigas do Parto (www.asmigasdoparto.org), do AELLA - Instituto Internacional Ser&Saber Consciente (www.institutossc.com) e do ConsciousnessBoca.com em Boca Raton, FL-USA. +1-561-3055321


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