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  • Foto do escritorAdriana Tanese Nogueira

O QUE É A FELICIDADE?

Os animais presos no zoológico não são felizes. Lentos nos movimentos, imóveis ou agitados, olhos apagados, expressão passiva: são os sinais de quem está deprimido. Um leão numa jaula ou mesmo num espaço amplo, mas delimitado, não pode ser feliz. Um leão que não caça, que é alimentado como o são os filhotes por alguém que “toma conta dele” não pode ser feliz. Uma função essencial, a que o torna um adulto, lhe foi tirada, uma função que lhe dá autonomia e com a autonomia vem a dignidade, e com a dignidade vem o “vale a pena viver”. Um urso entre paredes de cimento de um espaço artificial pintado de branco também não pode ser feliz assim como não o é uma abelha impedida de produzir mel, uma águia tolhida de voar alto e um golfinho obrigado a ficar numa banheira para o agrado de humanos.

Eles não podem ser felizes porque são impossibilitados de seguir sua natureza. Toda criatura tem uma natureza e esta natureza precisa se manifestar, se expressar. Tem que desabrochar para que a criatura faça sentido, para que a criatura seja feliz. Viver em condições que violam o que está na essência, reprimindo necessidades fundamentais é receita certeira para a infelicidade. Receber comida e abrigo não basta, a sobrevivência do corpo físico não significa nada.

Uma criança trancada em casa vai entrar em depressão porque crianças precisam se movimentar e explorar o território a fim de conhecer e se conhecer. Lembro de uma pessoa que me consultou a respeito do seguinte caso: um bebê de poucos meses “vivia chorando”. A mãe era uma jovem simplória, com pouca educação (estudo) e rodeada de por uma família como ela. Quem me contou o caso foi a vizinha preocupada com o bebê que evidentemente estava sofrendo, mas não parecia que ninguém atentasse para o problema que ele tinha, já que mamava, dormia, tinha abrigo, trocavam-lhe as fraldas, não passava frio ou calor excessivo. O que é que esse bebê tem?? Perguntei se havia algum momento em que o bebê parecia mais tranquilo. Resposta: ele parava de chorar durante o único passeio diário que a mãe fazia com ele, no carrinho. O resto do tempo essa pobre criatura o transcorria em seu berço, num quarto pequeno e sozinho…

O que aprendemos com isso? Que um ser humano de poucos meses, instintivamente, rejeita uma vida circunscrita, desinteressante e isolada. Já tão pequeno ele é, entretanto, intolerante à imobilidade e à ausência de estímulo/aprendizado visual, auditivo, emocional, táctil e cognitivo.

Na troca com o mundo que permite que possamos desenvolver conhecimento, nos descobrirmos e expandir a nossa consciência consiste a felicidade. Ter dinheiro, cultura e companhia são mero instrumentos para promover o desenvolvimento humano (de cada um e consequentemente de todos), mas não fazem a felicidade.

O cerne da felicidade está nesse intercâmbio consciente entre nós e o mundo. Um nós vivo, desperto, atento que pode se manifestar, vencendo medos e bloqueios, um nós que expressa seus talentos e que pode assim dar sua contribuição ao mundo. Não há nada melhor do que saber, sentir, constatar que estamos contribuindo positivamente para um mundo melhor.

O aprendizado que nasce da relação dialética entre experiência e conhecimento, induzindo o brotar de novas ideias, de novas possibilidades e visões possibilita aquela expansão da consciência que nos faz o que somos. A essência humana está em sua consciência. Em tudo o resto os animais são superiores a nós. Somente a faísca da consciência nos pertence e num grau que não existe igual no planeta.

A alma de cada um sabe de qual tipo de experiência e conhecimento precisa. Se você conseguir sair dos caixotes e entrar em verdadeiro contato consigo, desenvolver autoconhecimento e consciência o descobrirá. Somos todos aspectos da mesma humanidade, flores do mesmo jardim: nosso destino é florescer. Florescendo vem a felicidade. Florescer é felicidade. No que cada um vai desabrochar é alegre surpresa.

Adriana Tanese Nogueira - Psicanalista, filósofa, life coach, terapeuta transpessoal, intérprete de sonhos, terapeuta Florais de Bach, autora, educadora perinatal, fundadora da ONG Amigas do Parto (www.asmigasdoparto.org), do AELLA - Instituto Internacional de Educação Psicológica e Espiritual (www.institutossc.com) e do ConsciousnessBoca.com em Boca Raton, FL-USA. +1-561-3055321

Photo by Joe Caione on Unsplash




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